terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Curtas 2

Livros, sempre os livros. No meu último período de férias em Nova Viçosa levei na bagagem três livros que saboreei com prazer por que nem só de mar, água de coco e cerveja vive o homem. Primeiro A Trégua do uruguaio Mário Benedetti, belo romance em forma de diário de um viúvo na casa dos cinquenta anos que está prestes a se aposentar e que redescobre o amor. Benedetti é um dos grandes autores do vizinho Uruguai, país cujo literatura o Brasil praticamente desconhece. Há uma bela referência a ele no filme argentino El Lado Oscuro del Corázon, de Eliseo Subiela que foi exibido recentemente na mostra de cinema em língua espanhola no Belas Artes. O protagonista do filme atravessa o Rio da Prata, de Buenos Aires a Montevideo, entra em um café e pergunta a atendente se ela conhece Benedetti (o protagonista é dado à poesia), a atendente pergunta se o tal Benedetti frequenta o café... Pelo visto Benedetti é meio desconhecido por lá também.
Antes das Primeiras Histórias reúne quatro contos de Guimarães Rosa antes do mineiro ter-se tornado Guimarães Rosa. São contos interessantes e que não tem a menor relação com o universo que o escritor passou a tratar depois de Sagarana.O prefácio é de Mia Couto.
Por fim o livro Imagem de Lúcia Santaella e Winfried Nöth. Um grande e denso painel sobre a semiótica da imagem. Indispensável para quem trabalha com a interpretação dos signos. É conferir.

curtas

Messi foi eleito o melhor jogador do mundo mais uma vez. Cadê a novidade? O fato é que o argentino vem encantando desde que despontou no Barcelona, esse sim um verdadeiro time dos sonhos. Um pouco tarde para comentar, mas não pude resistir. Quem viu a final do mundial interclubes da Fifa viu a enorme distância existente entre os times europeus e os brasileiros. O Santos não viu a cor da bola e o aclamado Neymar (sim, um grande jogador, sem dúvida) ficou parecendo um ratinho em campo frente a um leão chamado Messi. Confesso que, tirando o papelão do Inter que ano passado foi eliminado na semifinal pelo desconhecido Mazembe do Zaire, nunca havia visto um time brasileiro levar um olé daqueles em final de mundial. Lição para o futebol brasileiro como um todo há apenas 2 anos da próxima copa. A imprensa ufanista veio  abafar o vexame dizendo que o Neymar é muito novo (19 anos contra os 24 de Messi). Ok, mas o grande Pelé não foi campeão mundial na Suécia aos 17 anos?

sábado, 7 de janeiro de 2012

Estamos de volta

Promessas para 2012: manter esse blog mais ativo. Prometo postar pelo menos um texto por semana.

2012 começou com muita chuva em Minas Gerais e também muito teatro com a 38ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança. Estarei em cartaz como ator no espetáculo Conversa Séria de Calcinha e Soutien, dirigida por João Valadares. De quinta à domingo na Sala João Ceschiatti no Palácio das Artes.
Para mim é uma experiência nova. Nunca havia trabalhado com máscara antes e devo confessar que esse trabalho de máscaras veio a luz quase que a base de fórceps dado o tempo exíguo que tivemos para remontar o espetáculo.
Sim remontar. O espetáculo havia estreado ano passado com outro elenco. Do escrete original só sobrou Fábio Schimitd. 
Outra novidade é o figurino primário: os atores de cuecas e as atrizes de calcinha e soutien.
Devo confessar que me apresentar seminu e com a barriguinha de fora me deixou, em princípio, meio encabulado. Mas são ossos do ofício. Que bom que pelo menos peguei uma cor no reveillon da Bahia (lá não estava chovendo).
O texto de João Valadares e Anderson Feliciano é livremente inspirado no clássico Entre Quatro Paredes de Sartre.
Uma vergonha esse auto-aumento promovido pelos vereadores de Belo Horizonte. Uma vergonha isso que se transformou o nosso legislativo municipal: uma reunião de nulidades políticas que se beneficiam de nossa falta de organização e de controle.
2012 também é ano de eleições municipais. Precisamos dar um basta nessa gente. O melhor a fazer é não reeleger ninguém.
E como o texto original de Sartre se passa no inferno, em nosso inferno (estou falando do espetáculo Conversa Séria de Calcinha e Soutien) os nossos ilustres vereadores nos fazem companhia. Pena que apenas em forma de piada.
Também estaremos em cartaz com os espetáculos Cuidado:Frágil!, também na Sala João Ceschiatti, de segunda à quarta. 
Já o Auto da Compadecida se apresentará no dia 27 de janeiro no Sesc Palladium e no dia 31 no Grande Teatro do Palácio das Artes.
Conversando ontem com o ator Leonardo Horta (que estará em cartaz na Campanha ao lado de João Valadares com o espetáculo Palhaços) me surgiu a ideia de iniciar nesse blog um debate sobre o tema teatro e diversão. Sim, ontem após a sessão de Calcinha e Soutien ouvimos alguém dizer que "se quisesse pensar ficaria em casa". Ok. Os críticos da Campanha (e são muitos) dirão que a Campanha acostumou o público da cidade a assistir comédias leves e sem profundidade. Tudo bem. Não sei se tais teses são válidas, pois  tendem a considerar o público como um imenso gado incapaz de escolher por si próprio o que assistir e a quantidade de espetáculos Cult presentes na campanha desmentem  um pouco essa história, mas fico pensando se o teatro também não teria desde sempre uma relação com a diversão, com o entretenimento. Fica a ideia para o debate. Se os leitores desse blog quiserem se manifestar...