sábado, 18 de fevereiro de 2012

Cinema

Dois filmes assistidos nos últimos dias e que estão entre os indicados ao Oscar cuja cerimônia irá se realizar no domingo dia 26.
O Artista entra como franco favorito. Já levou três Globos de Ouro e sete prêmios Bafta (o Oscar britânico). Trata-se sem dúvida de uma bela homenagem ao cinema ao resgatar o antigo (e charmoso) filme mudo em preto e branco, resgatado até na abertura com os créditos sendo apresentados como eram feitos nos anos 30. A história da transição do cinema mudo para o falado já foi tratada pela sétima arte antes. Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder, traz o drama de uma grande atriz do cinema mudo (Glória Swanson) que não conseguiu se adaptar aos novos tempos do cinema sonoro, a mesma história contata em O Artista. Outro exemplo é o brilhante musical de Dançando na Chuva de Gene Kelly. Pessoas que gostam de cinema gostam de filmes que homenageiam o cinema e é isso que O Artista faz. Ao final, quando é narrada a transição do cinema mudo para o sonoro via musicais que tornaram mais alegre um país atormentado pela grande depressão, dá vontade de aplaudir. É de se admirar também a interpretação dos atores (ambos indicados ao Oscar nas categorias de melhor ator e melhor atriz coadjuvante respectivamente) por resgatarem um tipo de interpretação para cinema que desapareceu.  E apesar de ter gostado do filme, de te-lo achado muito divertido, acho dez indicações para o Oscar um pouco demais (adoro essa contradição) e não sei se daria a ele o prêmio máximo de melhor filme. Como sou um ator que gosta de histórias acho o enredo meio pobrinho, mas muitos enredos dos antigos filmes mudos eram meio pobrinhos também. Enfim.
Fui ao Belas Artes com a intenção de ver  o iraniano A Separação e acabei assistindo (por uma questão de horário) a Dama de Ferro.
Acho meio problemático fazer filmes sobre personagens históricas ainda vivas. A despeito da brilhante interpretação de Helen Mirren em A Rainha, quando a grande diva inglesa vive a atual e longeva rainha de seu país, achei na época o filme menor por pintar com cores bem simpáticas uma figura tão controversa como o ex-primeiro ministro Tony Blair, principalmente tendo em vista no que ele se tornou ao aliar-se a George W.Bush na tragédia (para o povo iraquiano) que se tornou a invasão do Iraque. Enfrentar um filme que fala de Margareth Thatcher não era o programa que eu esperava, mas ela é vivida por Meryl Streep e isso já vale qualquer esforço.
Thatcher, ao lado de Reagan, foi (pelo menos para mim que sempre me coloquei no espectro da esquerda) o que de pior a política mundial produziu nos anos 80. Eles representavam uma onda conservadora triunfante depois da onda libertária produzida nos anos 60 e da época de ressaca e certo conformismo que foram os anos 70. Significavam o aniquilamento do welfare state keynesiano no mundo anglo-saxônico servindo de modelo para o famigerado neoliberalismo c ujos maléficos resultados todos agora conhecemos. Não sendo inglês ou norte-americano e sim sul-americano recém saído de uma ditadura de 20 anos e torcendo para que o sandinismo desse certo na Nicarágua, Thatcher e Reagan eram talvez as últimas pessoas na face da terra por quem eu nutriria qualquer simpatia.
Ao sair da sessão do filme A Rainha, confesso que sai sentindo alguma simpatia por Elizabeth II. Não é que Meryl Streep tenha me feito sentir simpatia por Mrs Thatcher, mas confesso que, mesmo não concordando em absoluto com muitas de suas idéias políticas, me senti inclinado a tentar compreender um pouco a pessoa e suas motivações. Acho que essa é uma bonita tarefa do trabalho do ator: dar humanidade as pessoas. Helen Mirren nos apresentou uma rainha comum, inserida no cotidiano do seu palácio de Buckinghan, às voltas com seus parentes complicados, tendo que resolver um problema em função da morte de sua ex-nora, um caso familiar que se tornou um problema político. Mas nos apresentou uma pessoa absoluta comum na qual até quem não tem um teto para morar (quanto mais um palácio) poderia se identificar. Bruno Ganz fez o mesmo com Hitler no filme A Queda.  Nos apresentou uma besta ensandecida e encurralada em seu bunker delirando com uma salvação que não chegaria, mas por mais  monstruoso e pérfido que tal personagem tenha sido e sem nutrir nenhuma simpatia pelo que ele fez e representou, é difícil não ver que ainda assim ali havia um homem. Streep, com a genialidade que é sua marca, faz o mesmo com Thatcher, principalmente nos períodos de decadência física e mental da líder britânica que afinal são o mote condutor do filme. A fita parece ter despertado antipatia em muitos lugares como na Argentina, por ter mostrado uma mulher gentil.  Não concordo. A Thatcher do filme A Dama de Ferro não é gentil, é uma mulher dura, obstinada, radical e intolerante com as opiniões que lhe são contrárias, mas ainda assim um ser humano com toda a sua fragilidade, como a mostrar que por trás de todo o poder, por mais forte que ele possa parecer (e Thatcher de fato foi uma das personalidades mais poderosas do século passado), não consegue esconder o barro e palha de que os homens são feitos.
E por falar em Argentina não vejo com nenhuma simpatia o fato de uma potência européia ainda possuir territórios coloniais em outros pontos da terra como é o caso do Reino Unido com as Ilhas Malvinas, afinal o sórdido colonialismo é (ou pelo menos deveria ser) coisa do passado. Claro que pela proximidade, o arquipélago deveria pertencer a los hermanos e não à coroa britânica. Ao mesmo tempo fico pensando qual o sentido dessa insistência argentina em querer reacender a questão como ocorre agora com o governo de Cristina Kirchner. Até onde eu sei as ilhas são habitadas por cidadãos britânicos que querem continuar a ser britânicos. Ou a população local não conta? A Guerra das Malvinas travada há exatos trinta anos foi uma loucura cometida por uma ditadura assassina já que pelas contas das organizações de direitos humanos produziu mais de 30 mil mortos e desaparecidos, mas estranhamente contou com uma adesão imediata da população oprimida. No começo do século XX o embaixador argentino em Londres havia dito que a Argentina era a mais brilhante jóia do Império Britânico. Não consigo entender essa sanha do país vizinho pelo arquipélago que não lhes pertence há quase duzentos anos. O governo argentino estaria em crise e está projetando a crise para o front exterior como é praxe em vários países?  Frente a isso tendo a ter a mesma opinião do ilustre Jorge Luís Borges ao responder, perplexo pela guerra a envolver os dois países que ele mais amava, que o melhor seria as ilhas à Bolívia que, por não ter saída para o mar, não sabia o significado da palavra Atlântico.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Baile dos Artistas

Bom ir ao  Baile dos Artistas na última sexta-feira e reencontrar o pessoal. Bom rever os colegas de profissão, a maior parte fantasiados como o impagável Leo Mendonza que atacou de "Safada do Dente", se divertindo na medida do possível. Sim, na medidad do possível por que o som não estava lá essas coisas e o atendimento dos bares, para ficar ruim teria que melhorar muito, muito mesmo. É incrivel como um baile que é realizado há tanto tempo erre assim de uma forma tão primária.